Em Ribeirão Preto, novos cardápios estão sendo implantados com o principal objetivo de preservar a saúde dos alunos da rede municipal
Foto: Divulgação
A alimentação escolar é considerada a mais antiga política pública de alimentação e nutrição ainda vigente no Brasil. Foi institucionalizada enquanto programa público em 1955 e é uma ferramenta fundamental para o combate à fome, a garantia do direito humano à alimentação e nutrição adequadas e o alcance da segurança alimentar e nutricional, por meio do PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar).
Nesse sentido, a nova Resolução nº 6, de 8 de maio de 2020 do Conselho Deliberativo do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (CD/FNDE), trouxe mudanças que impactarão na saúde de todos os estudantes do Brasil, uma vez que ela considera a transformação epidemiológica no âmbito nutricional e associa o consumo elevado de alimentos ultrapocessados à obesidade e doenças crônicas.
“A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que nos próximos anos haverá mais crianças e adolescentes com obesidade do que com desnutrição. Em 2022, o Departamento de Alimentação Escolar, Logística e Materiais, ligado a Secretaria da Educação, realizou uma pesquisa com 5.298 alunos da Rede Municipal, destes, 1.986 apresentavam excesso de peso (sobrepeso ou obesidade)”, pontuou Paula Fernanda Arroyo, Chefe da Divisão de Nutrição Escolar.
“A nova Resolução é essencial e devemos cumpri-la. Uma das principais mudanças, destaca-se a proibição da oferta do açúcar e alimentos ultraprocessados para as crianças até 3 (três) anos de idade. Bem como, a ampliação do rol de alimentos restritos. Por isso é importante à conscientização da inserção de novos hábitos”, explica Arroyo.
Ainda de acordo com Paula, “as mudanças, realmente, são impactantes, mas de suma importância para a saúde das crianças. Nosso trabalho é orientar e capacitar as cozinheiras para a produção dos cardápios oferecidos”, completa Paula.
Para a cozinheira da rede municipal, há quartorze anos, Gislaine Lima Teixeira Fonseca, “os novos cardápios são válidos e já entendemos que está relacionada à saúde das crianças, estamos fazendo a nossa parte”.
Dados – A obesidade em crianças e adolescentes é multifatorial. Condições genéticas, individuais, comportamentais e ambientais podem influenciar no estado nutricional. O relatório público do Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional, com dados de pessoas acompanhadas na Atenção Primária à Saúde, aponta que, até meados de setembro de 2022, mais de 340 mil crianças de 5 a 10 anos de idade foram diagnosticadas com obesidade. Em 2021, a APS diagnosticou obesidade em 356 mil crianças dessa mesma idade.
Principais mudanças apontadas na Resolução nº 6, de 8 de maio de 2020:
- Retirada total do açúcar e de biscoitos industrializados nos CEIs e CEI/EMEIs;
- Adequação da frequência de pães/biscoitos/bolo, inserindo alimentos in natura (ovo) e preparações permitidas;
- Substituição da margarina por manteiga;
- Retirada da maionese (item proibido);
- Substituição do chocolate em pó 43% (item proibido) por cacau 100% nas EMEIs e EMEFs;
- Inclusão de novas receitas (bolo sem açúcar, bolinha de batata, quibe de aveia ao forno, entre outros).