O Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua – Centro POP “Violanda Gemente Aran” é um local de referência para o convívio social e para o desenvolvimento de relações de solidariedade, afetividade e respeito entre as pessoas em situação de rua.

Instalado em Sertãozinho há seis anos através de parcerias com os Governos Federal e Estadual, o Centro Pop é um serviço de Proteção Especial de Média Complexidade do SUAS (Sistema Único de Assistência Social). Além das atividades de vida diária, como refeições e higiene pessoal, os usuários recebem atendimento psicossocial, rodas de conversa, oficinas de artesanato, terapia ocupacional e atividades pedagógicas e educativas.

“O objetivo é proporcionar vivências para o alcance da autonomia desses indivíduos, além de estimular a organização, a mobilização e a participação social”, ressalta o pedagogo do equipamento social, Francisco Alves Magalhães.

A equipe busca informações sobre familiares e a razão de a pessoa estar em situação de rua. Há também a orientação aos usuários do equipamento que utilizam substâncias entorpecentes para que busquem tratamento no CAPS-AD. O Centro Pop também realiza, em parceria com a rede municipal de saúde, o encaminhamento para comunidades terapêuticas, mediante a disponibilidade de vaga.

“Focamos na conscientização e no acompanhamento, visando o recomeço e a construção de uma nova história de vida”, declara Francisco. Ele informa também que, neste ano de 2020, até o momento, 5 usuários estão em comunidades terapêuticas e outros 13 alugaram casas ou cômodos e estão buscando reconstruir suas vidas.

Lourival Firmino, 52 anos, chegou ao Centro Pop em 2018, após uma abordagem noturna durante o inverno. Antes disso, havia vivido nas ruas por 2 anos. Veio de Pernambuco para Sertãozinho a procura de trabalho. Sem encontrar emprego e sem contato com a família, acabou indo para as ruas. No início de 2020 conseguiu um trabalho temporário como ajudante de caldeira em uma usina e alugou um cômodo no Jd. Paraíso I. O contrato de trabalho terminou e agora Lourival procura emprego.

“Quando começou a pandemia, eu já estava morando aqui. Eu não consegui o auxílio emergencial, pois fazia pouco tempo que eu tinha saído da usina. Mas consegui ir levando com o dinheiro do acerto e com o acompanhamento do pessoal do Centro Pop. Agora, meu auxílio saiu e já recebi a segunda parcela. Isso vai me ajudar até eu conseguir outro emprego”, conta. “É muito difícil arrumar serviço morando na rua. No Centro Pop eu tinha um lugar com estrutura para tomar banho e ficar seguro, e isso me ajudou muito”, diz, agradecido.

Ricardo Valeriano, 52 anos, é vizinho de porta de Lourival. Alugou o cômodo no mês de junho, após cerca de 1 ano e meio no Centro Pop. Ele conta que há muitos anos foi a Ribeirão Preto para procurar trabalho e, desempregado, acabou morando na rua por 5 meses. Conseguiu emprego e morou em várias cidades da região, onde encontrava trabalho. “Fui mecânico, motorista de caminhão, trabalhei em usina, em fazenda…”, lembra Ricardo. O último patrão vendeu as terras em 2018. “Logo que fiquei desempregado, já procurei o Centro Pop, pra não ficar na rua”, explica ele, que conheceu outro Centro Pop da região quando foi morador de rua. Ricardo está recebendo o auxílio emergencial e conseguiu trabalho na feira, três vezes por semana, como montador de barraca. Ele diz que nunca usou drogas, e isso também o ajudou a prosseguir. “O Centro Pop me deu um bom apoio. E eu tô começando a arribar de novo. Agora é andar com Deus”.

O quintal da casa que Genildo Alves Pequeno alugou não tem terra. Mas isso não foi empecilho para ele montar uma horta. O ex-usuário do Centro Pop, que tem 45 anos, transformou em vasos embalagens encontradas no lixo onde cultiva alface, rúcula, couve, quiabo, cebolinha, salsinha e coentro. Genildo foi para as ruas aos 19 anos, depois de começar a usar entorpecentes. Nesses 25 anos, morou em várias cidades e chegou ao Centro Pop de Sertãozinho em 2018. “Lá eu fiz curso de jardinagem, de empreendedorismo, aprendi a pintar camisetas. E através do trabalho deles passei a frequentar o CAPS-AD. Tem sido muito importante, pois o vício faz você perder tudo. Vendi todas as minhas coisas para conseguir droga. E agora tô começando tudo de novo”, diz cheio de esperança.

Em abril, Genildo alugou a casa onde mora e ganhou todos os móveis, inclusive a composteira, que foi doada pelo Centro Pop, e onde ele produz adubo para cultivar suas hortaliças. “Vou fazer um carrinho para vender verduras”, planeja. Ele também comprou uma bicicleta num ferro-velho que usa para trabalhar na manutenção de portas de aço. Genildo conta que recebeu um patrocínio de uma empresa para adesivar a bicicleta. Com esses dois serviços, ele pretende conseguir se sustentar após o término do auxílio emergencial. “Uma visita dessas de vocês é muito importante. Se não é esse apoio, a gente desiste. Agora é aprender a dar valor e seguir em frente”.

O Centro Pop está localizado na Rua Epitácio Pessoa, 2.650 – Jardim Alvorada. O atendimento é de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 17h.

Fonte: Departamento de Comunicação PMS