Como um dossiê e articulações privadas viabilizaram a recuperação do Theatro Pedro II

O Theatro Pedro II, marco cultural de Ribeirão Preto, teve sua trajetória de reconstrução impulsionada por articulações privadas que saíram do papel no início da década de 1990

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Nando Medeiros
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Como um dossiê e articulações privadas viabilizaram a recuperação do Theatro Pedro II

O Theatro Pedro II, marco cultural de Ribeirão Preto, teve sua trajetória de reconstrução impulsionada por articulações privadas que saíram do papel no início da década de 1990. Inaugurado em outubro de 1930, o prédio sofreu um incêndio em julho de 1980 que destruiu a cobertura, parte do forro do palco e grande trecho do interior. A restauração, porém, só ganhou ritmo mais de dez anos depois.

O movimento decisivo para arrecadar recursos e viabilizar a obra nasceu a partir da iniciativa de Vera e Maurilio Biagi. Aproveitando a proximidade entre as famílias e a cúpula das Organizações Globo, Vera produziu um dossiê sobre a importância histórica e cultural do teatro e apresentou o caso a Roberto Marinho durante visita do casal Marinho à região. A repercussão levou a Fundação Roberto Marinho a enviar a técnica Maria Augusta Mattos (Guta) para um estudo local; seu relatório favorável abriu caminho para a captação de recursos.

Além da articulação da Fundação, outras contribuições foram determinantes: Maurilio ajudou a obter a primeira doação relevante, 300 mil dólares da Andrade Gutierrez, e negociou com a Siemens a doação de equipamentos de telefonia e comunicação necessários ao projeto. Com acordos formalizados no fim de 1992, a reconstrução avançou mais fortemente durante a gestão do prefeito Antônio Palocci (1993–1996) e culminou com a reinauguração em junho de 1996, integrada às comemorações dos 140 anos do município.

A história ganhou reconhecimento público anos depois. Em outubro de 2020, a Fundação Theatro Pedro II homenageou Vera Biagi na Sala dos Espelhos, em cerimônia que também corrigiu omissões de convidados na reinauguração anterior e registrou a participação de maestros e autoridades locais. Em 2005, Lily Marinho retornou à cidade para eventos literários e foi recebida pelos Biagi com visita ao Theatro.

Hoje, o Theatro Pedro II segue em atividade e é dirigido pela jornalista Flávia Chiarello, que recebeu uma doação de mil exemplares do livro comemorativo sobre a casa, documento que narra, entre outros capítulos, o papel de mobilizadores privados, empresas e fundações na recuperação do patrimônio. O restauro do teatro permanece como exemplo de parceria entre iniciativa privada, órgãos culturais e poder público para preservar a memória e a produção cultural de Ribeirão Preto.