Luís Felipe, baixo-barítono natural do interior de São Paulo e com passagem por Ribeirão Preto na adolescência e na universidade, passou a integrar a academia da Ópera de Paris em setembro de 2023. A casa, com aproximadamente 350 anos de existência e mais de 400 apresentações por ano, seleciona apenas uma dúzia de artistas por edição; hoje ele é um dos dois brasileiros no elenco.
O ingresso na instituição veio após um convite para uma audição fora do processo seletivo regular. Segundo o cantor, a avaliação foi exigente: apresentou repertório pedido pela direção da academia, executou peças adicionais solicitadas na hora e realizou exercícios vocais. No dia seguinte, foi escalado para cantar perante o diretor-geral da Ópera no palco principal, com cerca de 3 mil lugares — uma experiência que ele descreve como decisiva para abraçar a oportunidade.
Desde então, Luís Felipe já atuou em montagens nos palcos principais da companhia. Entre as participações estão L’enfant et les sortilèges (2023), em que interpretou a personagem 'A Poltrona', e Les brigands (2024), no papel de 'O Tutor'. Também integraram seu repertório na França peças como Street Scene e L’isola disabitata.
A formação do cantor inclui graduação em canto lírico pela USP e mestrado em musicologia e performance pela Unicamp. Sua trajetória como solista começou no Teatro Minaz, em Ribeirão Preto, onde estreou em 2016 como Comendador em Don Giovanni. Entre 2016 e 2023, participou de títulos como Gianni Schicchi, O barbeiro de Sevilha, Il campanello, Trouble in Tahiti, A coroação de Poppea e As bodas de Fígaro.
No plano internacional, Luís já se apresentou em teatros e festivais na Itália, Alemanha, Áustria e Luxemburgo. No Brasil, participou do Réquiem de Mozart na Sala São Paulo e da Petite Messe Solennelle de Rossini no Palácio das Artes. Em concursos, conquistou prêmios nacionais — entre eles menções no Prêmio Paula Klein e o primeiro lugar masculino no 13º Concurso Estímulo para Cantores Líricos.
Com a temporada em curso na capital francesa, o artista mantém agenda de ensaios e apresentações e segue em contato frequente com a família, que permanece no interior paulista. Para ele, a passagem do teatro de cerca de 300 lugares em Ribeirão Preto ao palco de 3 mil lugares em Paris simboliza a continuidade de uma carreira que começou no interior e ganhou projeção internacional.