Empresas de Ribeirão enfrentam dificuldade para contratar apesar de aumento de vínculos formais

Mesmo com o cenário favorável à formalização, empresas da cidade relatam dificuldade para preencher vagas abertas e têm mudado a tática de recrutamento para atrair trabalhadores

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Nando Medeiros
· 2 minutos de leitura
Empresas de Ribeirão enfrentam dificuldade para contratar apesar de aumento de vínculos formais

Ribeirão Preto registrou 258,1 mil vínculos empregatícios ativos, alta de 2,6% em relação a 2024, segundo a Associação Comercial e Industrial (Acirp), com base nos dados do Caged. Mesmo com o cenário favorável à formalização, empresas da cidade relatam dificuldade para preencher vagas abertas e têm mudado a tática de recrutamento para atrair trabalhadores.

Consultorias de recursos humanos ouvidas pela reportagem afirmam que, em muitos processos seletivos, menos de 30% das vagas chegam a ser ocupadas — mesmo quando os salários e benefícios oferecidos são considerados competitivos. O consultor de RH Amaurhy Zucolaro diz que a escassez de candidatos se intensificou nos últimos dois anos. Ele cita o exemplo de um centro de distribuição que abriu 114 postos e preencheu apenas 25, apesar de oferecer remuneração em torno de R$ 2 mil.

Para superar a falta de candidaturas, empresas e agências recorreram a formas mais ativas de divulgação: carros de som que anunciam vagas pelos bairros, tendas de recrutamento em praças, igrejas e pontos de grande circulação e ações itinerantes para levar ofertas até onde potenciais trabalhadores estão. Essa estratégia tem sido apontada como eficaz para alcançar pessoas que não buscam emprego via internet.

Proprietários e gerentes relatam impactos diretos na operação. Um empresário do setor de remodelagem afirmou que a dificuldade em completar o quadro de funcionários limita a produção e compromete prazos de entrega. Na área de manutenção de equipamentos para a construção civil, oito vagas seguem abertas em uma única empresa, segundo o gerente Flávio Morales, que atribui parte do problema à falta de qualificação e à maior busca de jovens por trabalhos com flexibilidade.

No mercado regional, o setor de serviços foi o principal gerador de vagas em Ribeirão Preto, com 3.489 contratações reportadas pelo Caged, seguido pela indústria (736), comércio (613), construção civil (409) e agropecuária (1).

Os indicadores estaduais corroboram o aquecimento do mercado formal: pesquisas da Fundação Seade e do IBGE apontaram taxa de desemprego de 5,1% no segundo trimestre de 2025 — a menor desde o início da série — e 24,3 milhões de pessoas empregadas no estado, com 82,9% dos trabalhadores do setor privado sob carteira assinada. A informalidade também diminuiu, chegando a 29,2% da população ocupada, o menor nível desde 2017. Ainda assim, especialistas apontam que a redução da fiscalização trabalhista dificulta avançar de forma mais ampla na formalização e na qualificação da mão de obra.

Empresas locais dizem que a solução passa por combinar divulgação mais agressiva com treinamentos e políticas de retenção para tornar as vagas mais atraentes e reduzir a rotatividade. Enquanto isso, a busca por candidatos em locais públicos e a comunicação porta a porta tornaram-se rotina para muitas organizações na cidade.