Escassez hídrica é tema de painel no 52ª CNSA

Escassez hídrica é tema de painel no 52ª CNSA

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Nando Medeiros
· 3 minutos de leitura
Escassez hídrica é tema de painel no 52ª CNSA

Foram apresentadas alternativas de abastecimento por águas superficiais e subterrâneas e os desafios em cada operação

Fotos: Divulgação

Um dos principais desafios dos gestores de saneamento básico é garantir acesso a um abastecimento de água de qualidade para toda a população, de forma segura e contínua.

Com as mudanças climáticas que vem atingindo todo o Brasil e também o mundo, intensificando, principalmente, períodos de seca ou de chuvas, há uma preocupação com a operação do abastecimento público de água e uma possível escassez.

Desta forma, foi debatido durante o Congresso Nacional de Saneamento Básico, obstáculos e alternativas para operar um sistema de abastecimento e como alguns municípios vem enfrentando essa realidade.

“A extração de água subterrânea vem se mostrando como uma alternativa segura frente às questões climáticas que estamos enfrentando em todo o País. No Rio Grande do Sul, muitos poços tubulares profundos não foram afetados com a catástrofe. Contudo, mesmo sendo uma potência, apenas 10% de toda a extração de água subterrânea é utilizada para abastecimento público”, pontuou o professor do Instituto de Geociência da USP, Ricardo Hirata.

Mesmo sendo uma opção possível, nem todos os municípios se encontram em regiões favoráveis para captar águas subterrâneas. Já os que utilizam, precisam fazer essa extração de forma planejada, a fim de evitar a superexplotação.

“O que vemos em São José do Rio Preto é uma superexplotação do Aquífero Bauru, pela falta de um planejamento, anteriormente, que possibilitasse a retirada segura dessa água e de forma otimizada. Hoje, temos mais de 300 poços tubulares profundos, com baixa vazão, que vem demandando cada vez mais energia elétrica e equipamentos de alta tecnologia, devido ao rebaixamento desses poços, implicando num aumento de recursos para operar por esse sistema”, falou o superintendente do Semae de São José do Rio Preto, Nicanor Batista Júnior.

Desta forma, o município vem buscando como alternativa para garantir o abastecimento de água a longo prazo, o uso das águas superficiais do Rio Grande, uma opção muito utilizada por diversas cidades que tem os rios como suas únicas opções de mananciais.

Na mesma linha de planejamento à longo prazo, a fim de evitar a escassez hídrica, Ribeirão Preto também vem estruturando um projeto de abastecimento através das águas do Rio Pardo.

“Hoje, 100% do abastecimento de Ribeirão Preto é através do Aquífero Guarani, porém não temos noção da disponibilidade desse recurso. Assim, estamos estruturando o estudo de resiliência do Aquífero Guarani e o projeto básico do uso das águas superficiais do Rio Pardo. Com esses dois projetos, teremos uma visão realista para planejarmos o abastecimento público à longo prazo e garantir o atendimento de água a toda população de Ribeirão Preto”, alegou o diretor técnico da Saerp, Lineu Andrade de Almeida.

 

Contudo, mesmo as águas superficiais dos rios serem uma alternativa para o abastecimento público e a realidade de muitos municípios, é necessário que esses mananciais sejam de qualidade, bem como o tratamento, principalmente pela característica da água nos períodos de seca.

 

“Na questão da operação por águas superficiais, é preciso ter um cuidado em relação a qualidade dessa água. No Brasil, o Plano de Segurança da Água (PSA) é algo muito recente, mas imprescindível para a operação das Estações de Tratamento de Água (ETAs). Em períodos de seca, dependendo da classificação dos rios, muitos apresentam características de água nociva à saúde humana, pela alta concentração de agentes químicos e biológicos. Por isso, um planejamento do sistema, incluindo um PSA, é tão importante para assegurarmos uma água potável e de qualidade para a população”, afirmou a Doutora em Hidráulica e Saneamento, Ângela Di Bernardo.

 

Como esse painel, que proporcionou o debate de um assunto fundamental para a gestão do abastecimento público, o CNSA vem promovendo o diálogo sobre temas importantes para o saneamento básico, através de painéis, mesas redondas, trabalhos técnicos, mini-cursos, dentre outros.