Um levantamento nacional divulgado esta semana pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, em parceria com o Instituto Datafolha, identificou que 29% das pessoas que cuidam de crianças de até seis anos admitiram recorrer a castigos físicos, como palmadas, beliscões ou apertos, como forma de disciplina. A pesquisa ouviu 2.206 pessoas em todo o país, das quais 822 eram cuidadores dessa faixa etária.

Do total, 13% disseram aplicar esses métodos com frequência. Outros resultados mostraram que 17% consideram esse tipo de punição eficaz, o que indica que cerca de 12% praticam agressões mesmo reconhecendo que elas não funcionam bem como educação. Apesar desses números, as estratégias disciplinares mais apontadas pelos entrevistados foram educativas: 96% afirmaram conversar e explicar o erro à criança e 93% disseram acalmá-la e retirá-la da situação.

Entre quem admitiu ter comportamentos agressivos, 40% justificaram que esperam obter maior respeito pela autoridade e obediência; 33% reconheceram que essa prática pode aumentar a agressividade da criança; e 21% apontaram impacto na autoestima e na confiança dos menores.

A Lei Menino Bernardo (Lei nº 13.010/2014), em vigor há mais de dez anos, proíbe castigos físicos contra crianças e adolescentes e prevê advertência e encaminhamento para programas de orientação aos responsáveis. A legislação foi batizada em memória de Bernardo Boldrini, menino de 11 anos vítima de agressões em 2014.