A medida anunciada pelo então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que prevê a taxação de 50% sobre produtos brasileiros importados a partir de 1º de agosto de 2025, já provocou impactos significativos nas exportações de pescados na região de Ribeirão Preto.

Em Rifaina, uma empresa do setor suspendeu parte das suas remessas para o mercado norte-americano, especialmente de produtos congelados transportados por navio. Segundo Juliano Kubitza, diretor da empresa, os contêineres que já estão a caminho dos EUA podem ser afetados, gerando incertezas sobre o destino dessas cargas.

A indústria, que processa cerca de 40 toneladas de tilápia diariamente, destina metade da produção para os Estados Unidos, e a suspensão parcial das exportações já fez com que o ritmo de produção fosse reduzido.

O efeito do tarifaço vai além dos grandes frigoríficos, atingindo pequenos produtores e fornecedores de insumos, como criadores de alevinos e fabricantes de ração, refletindo em toda a cadeia produtiva local. Em 2024, a empresa exportou mais de US$ 9 milhões para o mercado americano, e só neste ano já havia realizado vendas superiores a US$ 5,5 milhões antes do anúncio das tarifas.

A concorrência internacional também se fortalece, com países como Colômbia e Honduras que não serão impactados pelas novas taxas e podem ocupar o espaço deixado pelos exportadores brasileiros.

A busca por mercados alternativos é limitada, pois a Ásia domina a produção mundial de peixes e a Europa mantém restrições à entrada de pescados brasileiros desde 2017.

Diante desse cenário, o setor aposta no aumento do consumo interno, que atualmente é considerado baixo, com uma média de 10 quilos de peixe por habitante ao ano, abaixo dos 12 quilos recomendados pela FAO.

A suspensão das exportações representa um desafio para o crescimento da cadeia produtiva da tilápia na região, que dependia fortemente do mercado externo para se expandir.