O governo federal anunciou a garantia de acesso à mamografia pelo SUS para mulheres de 40 a 49 anos, mesmo na ausência de sinais ou sintomas de câncer de mama. O anúncio foi feito pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e integra um pacote de medidas voltadas ao diagnóstico precoce e à ampliação de assistência oncológica. Segundo a pasta, essa faixa etária concentra 23% dos casos da doença.
A orientação é que o exame seja disponibilizado sob demanda, mediante decisão compartilhada entre paciente e profissional de saúde, com a paciente informada sobre benefícios e possíveis desvantagens do rastreamento. Até então, em muitas unidades públicas a realização do exame para mulheres abaixo de 50 anos encontrava barreiras como exigência de histórico familiar ou apresentação de sintomas.
Dados de 2024 mostram que mamografias em pacientes com menos de 50 anos representaram 30% do total no SUS, mais de um milhão de exames. Além de liberar o exame a partir dos 40 anos, o ministério elevou a idade para rastreamento ativo bienal: a faixa máxima passou de 69 para 74 anos, em razão do maior risco associado ao envelhecimento e do fato de quase 60% dos casos se concentrarem entre 50 e 74 anos.
Entre as ações anunciadas estão o início do atendimento móvel em 22 estados por meio do programa Agora Tem Especialistas. As unidades móveis oferecerão mamografia, ultrassonografia, punção e biópsia de mama, colposcopia e consultas presenciais e por telemedicina; a expectativa é realizar até 120 mil atendimentos por mês, com investimento de R$ 18 milhões.
O governo também prevê a compra de 60 kits de biópsia, cada um com mesa estereotáxica e aparelho de Raio‑X com tecnologia 2D/3D, em edital do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica, com investimento estimado em R$ 120 milhões. Segundo o ministério, essa tecnologia deve aumentar a precisão diagnóstica e reduzir a repetição de procedimentos.
No componente de alta complexidade, o programa Agora Tem Especialistas já entregou 11 aceleradores lineares em quatro estados e tem previsão de chegar a 121 unidades até o fim de 2026. Na área de medicamentos, o SUS passará a oferecer, a partir de outubro, novas terapias para câncer de mama: o trastuzumabe entansina (destinado a pacientes que mantêm sinais de doença após quimioterapia neoadjuvante) e inibidores de ciclinas, abemaciclibe, palbociclibe e ribociclibe, indicados para tumores avançados ou metastáticos com receptor hormonal compatível.
O ministério afirmou que as negociações garantiram descontos de até 50%, o que ampliaria o acesso a esses tratamentos no sistema público. O câncer de mama continua sendo o tumor mais incidente e letal entre mulheres no país, com cerca de 37 mil casos estimados por ano. Em 2024, o SUS realizou aproximadamente quatro milhões de mamografias de rastreamento e 376,7 mil exames diagnósticos, números citados pelo ministério para justificar a expansão das políticas de detecção precoce.