Autoridades estaduais e federais investigaram um esquema que teria usado empresas do setor de combustíveis para lavar recursos do Primeiro Comando da Capital (PCC).

Segundo as apurações, a distribuidora Rede Sol Fuel e a Duvale, ambas com operações em Jardinópolis, aparecem nas linhas de investigação sobre venda e circulação de valores de origem suspeita, incluindo a negociação de ao menos R$ 30 milhões em notas comerciais. Parte desses recursos teria sido colocada em fundos e contabilizada por meio de fintechs para dificultar a rastreabilidade do dinheiro.

As investigações apontaram ainda que o grupo criminoso atuou em várias etapas da cadeia de combustíveis: importação de produtos químicos para adulterar combustíveis, compra de pelo menos cinco usinas no interior de São Paulo para abastecer a rede e uso de transportadoras para distribuir os volumes às bombas envolvidas. A Receita Federal afirmou que contas em fintechs permitiram movimentações de grande monta sem clareza sobre a origem e o destino dos recursos.

Uma das instituições citadas no inquérito é a BK Instituição de Pagamento, com sede em Barueri e filial em Ribeirão Preto, alvo de mandados de busca e apreensão. Em razão das investigações, a prefeitura de Ribeirão Preto cancelou, em 1º de setembro de 2025, o contrato de prestação de serviços firmado com a fintech; a rescisão foi publicada no Diário Oficial do município.

O empresário Valdemar de Bortoli Júnior, ligado a empresas sediadas em Jardinópolis, foi mencionado nos autos como uma das pessoas com suspeita de envolvimento nas operações financeiras.

Em nota, a Rede Sol Fuel negou qualquer vínculo com o fundo Mabruk II ou com organizações criminosas, afirmou que a emissão da nota comercial de R$ 30 milhões, em 13 de novembro de 2023, foi regular e que suas demonstrações financeiras são auditadas. A companhia também descreveu sua atuação em um condomínio de tancagem em Jardinópolis, onde atua como síndica junto a outras distribuidoras, e disse cumprir normas da ANP. A defesa da Duvale não foi localizada até a publicação.

As apurações seguem sob responsabilidade do Ministério Público e da Receita Federal, que continuam a mapear os fluxos financeiros e as conexões entre empresas, fundos e plataformas de pagamento apontadas na investigação.