O juiz José Roberto Bernardi Liberal, da 2ª Vara Criminal de Ribeirão Preto, pronunciou a submissão a júri popular de Elizabete Eugênio Arrabaça, de 68 anos, e do filho dela, o médico Luiz Antônio Garnica, de 38, pela morte de Larissa Talle Leôncio Rodrigues, professora de pilates de 37 anos. A vítima morreu em 22 de março de 2025; exame toxicológico indicou envenenamento por “chumbinho”.
Segundo a decisão, ambos foram indiciados por feminicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, emprego de meio cruel e mediante dissimulação que dificultou a defesa da vítima. Além disso, o ministério público imputa a Garnica participação em fraude processual, por tentativa de adulterar a cena do crime.
O magistrado considerou que as provas produzidas na audiência de instrução são suficientes para a pronúncia. Ele também determinou à Polícia Civil a abertura de inquérito contra Letícia Camilo Laurindo, apontada como amante do médico, e outras duas pessoas por falsidade ideológica. Letícia teria declarado a existência de união estável para obter visitas ao preso na Penitenciária de Serra Azul; o Ministério Público afirma que essa versão foi desmentida em juízo.
A defesa de Elizabete, representada pelo advogado Bruno Corrêa Ribeiro, informou que recorrerá ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). Ribeiro classificou a pronúncia como “injusta” e sustenta que a investigação apresenta falhas e que há provas favoráveis à sua cliente, incluindo relatos atribuídos à própria vítima sobre melhora após ingestão de remédios e de um frango preparado por Elizabete, evento que, segundo a defesa, também envolveu Garnica.
Relatos do Ministério Público apontam que Larissa foi encontrada sem vida no banheiro do apartamento do casal por Garnica, que alegou ter tentado reanimação. A promotoria considera que o marido, que passou a noite fora acompanhado da amante, teria encenado a cena e tentado forjar um álibi. Investigações teriam concluído que a sogra teria interesse em impedir a separação do casal, o que motivaria o crime e também justificaria o suposto interesse de Elizabete no patrimônio do filho.
Durante a apuração, foi determinada a exumação do corpo de Nathalia Garnica, filha de Elizabete, e o IML teria constatado envenenamento, o que levou à suspeita de envolvimento de Elizabete em outro caso. O Ministério Público ofereceu denúncia relacionada a esse suposto homicídio em Fórum de Pontal, mas a juíza de lá entendeu que o processo deveria tramitar em Ribeirão Preto; agora o TJSP decidirá sobre a competência. Caso seja pronunciada também nesse outro episódio, Elizabete pode responder por dois crimes, enquanto Garnica responde apenas pela morte da esposa.