A família de uma estudante com deficiência auditiva afirmou que o motorista do transporte escolar de Colina, José Antonio Mamprim, de 68 anos, a ameaçava para que não denunciasse os abusos.
Segundo a mãe, que preferiu não se identificar, o assédio contra a filha começou em 2016. Na época ela registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil e comunicou a prefeitura, mas, conforme relata, não houve desfecho que protegesse a criança. A mulher contou que a filha apontou com o dedo e fez sinais de que sofria ameaças físicas caso falasse: “se ela falasse, ele iria cortar a língua dela”, disse a mãe, que acredita que o medo impediu a denúncia imediata.
A família procurou atendimento médico após encontrar um hematoma no seio da menina; laudos apontaram tentativa de abuso e o caso foi formalizado em boletim de ocorrência, segundo a mãe. Ela relatou que, depois dos episódios, a criança passou a apresentar medo, choro frequente e precisou iniciar tratamento medicamentoso devido ao trauma.
Mamprim foi preso temporariamente por 30 dias em Colina e responde por estupro de vulnerável. A Polícia Civil informou que, desde o início das investigações, foram registradas pelo menos seis denúncias contra o motorista. De acordo com o delegado responsável, os relatos descrevem um padrão: o suspeito deixava determinadas alunas por último no veículo, estacionava próximo a propriedades rurais e cometia os abusos.
Depoimentos de duas adolescentes, uma de 12 anos e outra de 14, descrevem toques não consentidos, conversas de cunho sexual e, em um dos casos, um beijo na boca sem consentimento. A prisão foi decretada após a polícia avaliar risco de continuidade das práticas e a possibilidade de obstrução das investigações.
A Prefeitura de Colina informou que o motorista prestava serviços por meio de empresa terceirizada; procurada sobre uma denúncia registrada em 2016, a administração municipal afirmou não ter conhecimento do caso na época. A Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP) declarou que a primeira ocorrência apresentada à polícia integra o mesmo inquérito que resultou na prisão do suspeito. A reportagem não localizou a defesa do acusado até a publicação desta matéria.