MapBiomas aponta perda de 2,4 milhões de hectares na Mata Atlântica em 40 anos; desmatamento atinge florestas maduras

O estudo alerta que cerca de metade do desmatamento recente ocorreu em remanescentes com mais de 40 anos

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Nando Medeiros
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MapBiomas aponta perda de 2,4 milhões de hectares na Mata Atlântica em 40 anos; desmatamento atinge florestas maduras

Um levantamento do MapBiomas divulgado em 28 de outubro de 2025 mostra que a Mata Atlântica perdeu 2,4 milhões de hectares de cobertura florestal entre 1985 e 2024, o que equivale a uma redução de 8,1% em relação ao início da série histórica. Atualmente, o bioma preserva apenas 31% de sua vegetação nativa.

O estudo alerta que cerca de metade do desmatamento recente ocorreu em remanescentes com mais de 40 anos, áreas que concentram grande parte da biodiversidade, estoques de carbono e serviços ecossistêmicos. Nos últimos cinco anos a média anual de desmate foi de aproximadamente 190 mil hectares.

A transformação da paisagem é impulsionada sobretudo pela expansão agrícola: desde 1985 a área ocupada por lavouras quase dobrou dentro do bioma. Soja, cana-de-açúcar e café foram os cultivos que mais cresceram no período (com aumentos percentuais na casa de três dígitos), enquanto as pastagens encolheram em 8,5 milhões de hectares. A silvicultura para fins comerciais também avançou de forma significativa, multiplicando por cinco a área destinada ao cultivo de árvores em quatro décadas.

O relatório ressalta ainda o crescimento urbano: a área urbanizada dentro da Mata Atlântica dobrou desde 1985, com 77% dos municípios ampliando seus perímetros urbanos. No entanto, mais de 80% desses municípios ainda têm áreas urbanas pequenas (menos de mil hectares); apenas São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba superam 30 mil hectares de expansão urbana.

Pesquisadores do MapBiomas destacam que, apesar da desaceleração do ritmo de perda em determinados períodos, incluindo um leve aumento da área florestada após a Lei da Mata Atlântica, as tendências observadas reforçam a necessidade de políticas contínuas de conservação e de recuperação da vegetação nativa para proteger florestas maduras e mitigar emissões de carbono.