Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria com o laboratório Cristália, anunciaram que o medicamento polilaminina mostrou capacidade de restaurar movimentos em pacientes com lesão medular, segundo resultados de estudos experimentais divulgados até 7 de outubro de 2025. Aproximadamente dez pessoas que apresentavam algum grau de paralisia recuperaram mobilidade parcial, em casos pontuais, total, após o tratamento com a substância, derivada de uma proteína extraída da placenta.
A polilaminina age no local da lesão da medula espinhal, estimulando a regeneração e protegendo neurônios, o que permite restabelecer parte da comunicação entre cérebro e membros. A molécula foi desenvolvida a partir da laminina, objeto de pesquisa da equipe há cerca de 25 anos, e combina efeitos de neuroproteção e de indução à formação de novas células nervosas.
Segundo a bióloga Tatiana Coelho Sampaio, do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ e líder do projeto, a alternativa oferece vantagens práticas em relação às terapias com células-tronco, cuja resposta é mais imprevisível. A equipe destacou também que acompanhou os voluntários por anos antes de divulgar os dados, justamente para verificar a ocorrência de efeitos adversos de longo prazo — nenhum relacionado ao medicamento foi identificado até o momento.
O próximo passo da pesquisa é obter a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para avançar a estudos clínicos em maior escala. Se confirmados em fases avançadas, os resultados podem representar um avanço significativo para a reabilitação de pacientes com lesão medular e abrir caminho para uma opção terapêutica mais acessível e segura no futuro.
Pesquisadores e representantes da UFRJ ressaltaram a relevância da descoberta para a ciência brasileira e para a qualidade de vida de pessoas afetadas por lesões da medula. A expectativa agora é a liberação regulatória para ampliar as etapas de investigação clínica.