O escritor e cronista Luis Fernando Verissimo morreu aos 88 anos. Nos últimos anos ele convivia com problemas de saúde: tinha diagnóstico de Parkinson, histórico cardíaco que levou à implantação de marcapasso em 2016, e sofreu um acidente vascular cerebral em 2021 que comprometeu sua mobilidade e fala, segundo informou a família.
Verissimo deixa a mulher, Lúcia Helena Massa, três filhos e dois netos. Nascido em Porto Alegre em 26 de setembro de 1936, Luis Fernando era filho do também escritor Érico Veríssimo. Parte da infância transcorreu nos Estados Unidos, quando o pai ministrou cursos sobre literatura brasileira em universidades da Califórnia.
A convivência familiar e a formação no exterior influenciaram sua maneira direta e coloquial de escrever. Sua trajetória profissional começou no jornalismo: passou por cargos em Zero Hora e trabalhou como tradutor no Rio de Janeiro antes de estrear como autor, em 1973.
Ao longo da carreira publicou mais de 70 livros, entre crônicas, romances, contos e quadrinhos, e vendeu cerca de 5,6 milhões de exemplares. Foi ainda cronista regular em veículos como O Estado de S. Paulo, O Globo e Zero Hora. O humor e a criação de personagens singulares marcaram sua obra; entre as figuras mais lembradas estão as histórias de Ed Mort, o Analista de Bagé e a Velhinha de Taubaté, além da tirinha publicada nos anos 1970.
Algumas de suas séries e crônicas foram adaptadas para a televisão, como o programa inspirado em Comédias da Vida Privada, e ele participou como roteirista em produções relevantes do humor televisivo nas décadas de 1980 e 1990. Amante do jazz, tocava saxofone, e torcedor declarado do Sport Club Internacional, Verissimo deixou também textos sobre futebol, nos quais misturava paixão pessoal e crônica literária.
Discreto e de perfil introspectivo em entrevistas, manteve por muitos anos a residência da família no bairro Petrópolis, em Porto Alegre, onde preferia escrever rodeado de livros e música. A obra e o legado de Verissimo serão lembrados por leitores, colegas e pela imprensa por sua mistura de humor, ironia e olhar atento sobre a vida cotidiana.