O Ministério Público de Alagoas identificou a influenciadora digital Laís Oliveira, natural de Ribeirão Preto, como participante central de um esquema de apostas e rifas ilegais que, segundo as investigações, movimentou cerca de R$ 33,7 milhões. De acordo com o inquérito, a organização operava sorteios manipulados e reservava bilhetes para liberar apenas mediante autorização, gerando lucro milionário para os envolvidos.
Áudios obtidos pela reportagem do Fantástico e exibidos no domingo, 6 de outubro de 2025, indicaram que Laís não apenas divulgava as promoções nas redes, mas também auxiliava no controle e na liberação das cotas vendidas aos seguidores. Em uma das gravações, a influenciadora descreve a prática como uma “estratégia” para aumentar as vendas, enquanto outra atribui valores elevados a bilhetes que ficavam bloqueados até determinado momento.
O ex-policial militar Kleverton Pinheiro de Oliveira, conhecido como Kel Ferreti, de 40 anos, é apontado pelo MP como o líder do grupo. Além das rifas, ele teria comercializado cursos não regulamentados sobre lucros em jogos digitais. O órgão ministerial considera o padrão de vida dos acusados compatível com recursos obtidos pelo esquema.
Conforme a investigação, entre janeiro e abril de 2024 Laís teria recebido R$ 1 milhão de uma empresa ligada a Kel Ferreti; no mesmo período, o marido dela, o influenciador Eduardo Veloso, teria recebido cerca de R$ 456 mil. Ambos foram detidos no ano passado durante cumprimento de mandado expedido pelo Tribunal de Justiça de Alagoas e foram liberados em dezembro de 2024. Kel também foi preso em dezembro de 2024 na Operação Trapaça, que resultou em apreensões de joias, celulares e dinheiro em espécie. Ele foi expulso da Polícia Militar em 2023 e responde ainda por denúncia de estupro, conforme consta em registro relacionado à investigação.
Uma moradora de Ribeirão Preto contou à reportagem que comprou cotas de uma rifa virtual promovida por Laís e que, embora a influenciadora tenha anunciado que ela havia ganhado R$ 15 mil em sorteio realizado em junho de 2023, o prêmio nunca foi pago. A consumidora afirmou que recebeu explicações sobre um suposto erro na verificação dos números e foi oferecido apenas R$ 1 mil como “pedido de desculpas”.
Em nota, as defesas de Laís Oliveira e de Eduardo Veloso negaram envolvimento em crimes, afirmaram não ter tido acesso aos áudios divulgados e disseram que a atuação do casal se restringe a prestação de serviços de publicidade como influenciadores. A defesa de Kel Ferreti alegou que ele não é proprietário de plataformas de apostas e que sua função teria sido apenas de divulgação.
O caso segue sob investigação pelo Ministério Público de Alagoas e autoridades responsáveis pela apuração não descartam novas medidas judiciais conforme avanço das diligências.
