Núcleo de Criação do Pequeno Ato fará três novas apresentações em Ribeirão Preto no Centro Cultural Palace

Núcleo de Criação do Pequeno Ato fará três novas apresentações em Ribeirão Preto no Centro Cultural Palace

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Nando Medeiros
· 4 minutos de leitura
Núcleo de Criação do Pequeno Ato fará três novas apresentações em Ribeirão Preto no Centro Cultural Palace

Montagem de Pedro Granato é inspirado em caso real e o espectador acompanha tudo com fones de ouvido

O Núcleo de Criação do Pequeno Ato levanta discussão sobre assédio e violência sexual, com uma trama de mulheres que executam um plano de vingança. O novo espetáculo com direção de Pedro Granato, é inspirada nas experiências vividas pelas mulheres do núcleo e casos de violência real contra mulheres, Vingança Voyeur coloca o público infiltrado com fones de ouvido junto dos personagens em uma jornada itinerante.

A nova temporada estreia em 31 de maio, 1 e 2 de junho, às 17h, no bar Dr Linguiça (localizado na Rua Álvares Cabral, 463 - Centro), percorre pelas ruas da região central e termina no Centro Cultural Palace. A programação conta também com uma Oficina gratuita de Interpretação com o diretor Pedro Granato no dia 1 de junho, das 10h às 13h, no Centro Cultural Palace.

Com dramaturgia de Julia Terron e Victor Moretti, a história começa em um bar onde o público acompanha um grupo de mulheres que estão atrás do dono do estabelecimento que abusou sexualmente de uma delas. O que aconteceu é revelado aos poucos, enquanto as garotas e o público estão conectados por meio de um rádio, escutando conversas intimas através de fones de ouvido. Um a um, elas procuram seduzir os envolvidos no abuso e tirá-los de lá, com o público como cúmplice.

Com apoio da Prefeitura Municipal, o espetáculo une a pesquisa das peças anteriores do Pequeno Ato, como Caso Cabaré Privê e Fortes Batidas, ambas vencedoras do prêmio APCA, para usar os recursos de gamificação e imersão a fim de investigar novas formas de se relacionar com temas como machismo, sexualidade e a busca feminina por respostas à impunidade.

A decisão de começar a peça em um lugar público, como um bar, foi uma forma de aproximar o público da realidade das personagens e tornar a experiência ainda mais imersiva. A utilização de espaços não convencionais como cenário propõe uma experiência que fura bolhas de proteção do espectador e o coloca em posição de observação. Assim ele não só acompanha a peça como pode observar outras histórias que estão acontecendo naquele mesmo instante, potencializando o alerta da peça. “O espetáculo te torna voyeur de cenas de abuso, para tensionar como podemos a todo momento estar nessa posição passiva e nos convocando à ação”, relata o diretor.

Granato explica que o interesse pela espionagem surgiu durante o processo de pesquisa e concepção da peça, em 2022, e partiu de situações cotidianas. “Um tema muito próximo às atrizes eram cenas de violência sexual e assédio, todas tinham vivido situações difíceis. Construímos esse universo de compartilhar histórias em segredo e buscar essa ideia da gravação. Como é que você consegue gravar uma situação em que você está oprimida e sozinha, como corridas de Uber e festas de faculdade?”, conta.

A indignação com um momento político de falta de apoio institucional para vítimas de violência também foi um motor da construção da narrativa. “As meninas sentiram gatilho ao acompanhar casos como o do “estupro culposo” e situações em que as mulheres não só eram vítimas de violência, mas também eram novamente vítimas de uma violência institucional. O voyeurismo surgiu muito dessa sensação de impotência e solidão de quem está vivendo uma violência”, explica o diretor.

A dramaturga Julia Terron foi vítima de um estupro e ganhou apoio do parceiro de dramaturgia Victor Moretti para se abrir com o grupo e transformar o relato em arte. Para ela, escrever foi um processo de cura. “Eu passei o processo inteiro sendo muito cuidadosa porque a minha história é a história de uma menina que foi abusada, mas existem muitas e eu queria que esse texto representasse ao máximo todas elas. E hoje estou muito feliz com o resultado do texto porque eu sinto que ele me representa e representa também a vivência geral em relação ao abuso e em relação a viver como mulher nesse mundo”, diz.

A história foi montada também a partir de referências culturais do grupo e do público jovem, diz Granato: o filme “Bela Vingança”, que venceu o Oscar de melhor roteiro original em 2020, e músicas de Miley Cyrus, Shakira, Rosalía e Gloria Groove estão entre elas. “A gente foi trazendo essa estética urbana feminina empoderada e ao mesmo tempo a ação da vingança, a mulher não mais como vítima da violência, mas como quem está nas rédeas inclusive do jogo violento, invertendo um padrão”, conta o diretor.

Para Terron, é um convite para o expurgo das dores e dos traumas que carregamos, ainda que por meio da arte. “É colocar no texto as piores coisas que a gente sente sobre reagir. Reagir ao estupro é uma coisa muito difícil porque nada vai fazer com que uma mulher estuprada se sinta de fato vingada. É sobre conseguir expurgar essa dor, o texto é sobre um momento catártico de explosão em relação à incapacidade de ação sobre estupro. A peça é como se fosse um sonho”, finaliza.

Ficha Técnica:

Direção e concepcão: Pedro Granato

Dramaturgia: Julia Terron e Victor Moretti

Assistência de Direção: Carolina Romano

Atores: Ana Herman, Antonio Sedeh, Camila Johann, Julia Terron, Riggo Oliveira, Milena Pessoa, Michelle Braz, Lucival Almeida, Gabriela Maia, Tallis Oliveira, Rafa Carvalho e Rommaní Carvalho

Fotos: Gabriela Rocha

Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli

Design gráfico: Carolina Romano

Técnico de Som: Felipe Aidar

Técnico de Luz: Ariel Rodrigues

Cenotécnicos: Diego Dac e Roberto Tomasim

Produção Executiva: Carolina Henriques e Julia Terron

Direção de Produção: Jessica Rodrigues

Produção e Realização: Pequeno Ato e Jessica Rodrigues Produções.

Serviço:

Espetáculo Vingança Voyeur

Data: 31 de maio, 1 e 2 de junho

Horário: às 17h

Ponto de início:  Dr Linguiça (Rua Álvares Cabral, 463 – Centro)

Término:  Centro Cultural Palace (Rua Álvares Cabral, 322 – Centro)

Duração: 90 minutos
Classificação: 16 anos

Ingressos gratuitos na bilheteria no Dr Linguiça

Oficina de Interpretação com Pedro Granato

Data e Horário: 1 de junho

Horário: das 10h às 13h

Local: Centro Cultural Palace

Endereço: Rua Álvares Cabral, 322 - Centro

Inscrições gratuitas: @pequenoato

Recomendações técnicas para Público:

- Possuir pacote 4G de internet.

- Levar fone de ouvido.

- Levar celular com bateria carregada.

- Ter o aplicativo Zoom instalado.