Há mais de dois anos as obras de duas pontes em Ribeirão Preto continuam paralisadas e sem previsão definida de retomada, situação que deve acarretar novos gastos ao município. Os projetos, um ligando a Avenida Presidente Kennedy à Rua Alzira Couto Machado (região da Avenida Maurílio Biagi) e outro conectando a Avenida Rio Pardo à Via Norte, foram contratados com a Alcalá Engenharia. A Prefeitura já desembolsou cerca de R$ 600 mil com as intervenções e alterações no entorno, mas a execução avançou apenas parcialmente: aproximadamente 10% no primeiro empreendimento e 20% na obra da Via Norte. Originalmente orçados em R$ 2,6 milhões e R$ 2,5 milhões, ambos tinham prazos de sete e oito meses, respectivamente.
A paralisação começou depois que a construtora solicitou aditivo de cerca de R$ 700 mil alegando aumentos de custos. A Prefeitura recusou o pedido e o caso acabou na Justiça. No processo relativo à Maurílio Biagi, o caso foi redistribuído ao Juizado de Pequenas Causas da Fazenda Pública e não há previsão de decisão. Na ação vinculada à Via Norte, a Justiça deu parecer favorável à Prefeitura e suspendeu o contrato, mas a decisão ainda pode ser alvo de recurso. A administração municipal projeta lançar nova licitação para a Via Norte após o fim do prazo recursal; com base na data de hoje, a expectativa é abrir o processo no início de 2026.
Técnicos e engenheiros apontam riscos decorrentes da paralisação: vigas e concreto expostos à chuva e ao sol apresentam perda de resistência quando a ferragem interna oxida, o que reduz a vida útil das peças deixadas nos canteiros. Especialistas ouvidos pela reportagem alertaram que, sem proteção e reparo, parte do material poderá tornar-se inutilizável, elevando o custo de conclusão.
O secretário municipal de Obras, Walter Telli, afirmou que a Prefeitura realizou reuniões com a empreiteira, que, segundo ele, não apresentou justificativas válidas para os aditivos exigidos. “A empresa exigia compensações que não eram devidas e a Prefeitura decidiu não pagar”, disse Telli, ressaltando que os projetos foram revisados e que, ao preparar nova licitação, a planilha orçamentária será atualizada — o que deve refletir reajustes pelo Índice Nacional de Preços da Construção Civil e, consequentemente, maior custo final.
A Alcalá Engenharia, por sua vez, informou que interrompeu os trabalhos após identificar erros de projeto que poderiam comprometer a segurança e que notificou a Prefeitura sobre os problemas. A empresa afirmou ainda que contabilizou custos extras e que foram cortados pagamentos de etapas já executadas, além de confirmar que recorrerá judicialmente contra o encerramento do contrato da Via Norte.
Enquanto a disputa judicial se desenrola, os canteiros permanecem com materiais expostos e a conclusão das obras segue incerta, mantendo impactos no trânsito e na mobilidade local.