Batizada como Caeté, que significa "mata densa" em tupi-guarani, uma onça-pintada foi trazida do BioParque Amazônia, em Parauapebas (PA), para o zoológico de Guaíra, no interior de São Paulo.
A transferência, concluída recentemente, envolveu uma operação complexa com transporte aéreo solidário e escolta da Polícia Ambiental de Barretos (SP), percorrendo mais de 3 mil quilômetros.
Segundo Estefane Siqueira, chefe do Departamento de Meio Ambiente de Guaíra, a logística exigiu cuidados especiais, pois na primeira tentativa, realizada em 25 de junho, o animal sofreu estresse intenso e danificou a caixa de transporte, o que levou à necessidade de reformulação da estrutura e reagendamento da viagem. Caeté enfrentou trajetos aéreos e terrestres, além de longas horas em contenção, fatores que demandaram manejo cuidadoso para preservar seu bem-estar.
Para receber o felino, o zoológico adaptou seu recinto de 378 metros quadrados, equipado com plataforma de descanso, tanque de água, arranhadores de eucalipto e vigilância 24 horas. A bióloga Ana Paula Chaves Campos, responsável técnica pelo local, explicou que foram feitas adequações para o clima da região Sudeste, especialmente para garantir conforto térmico durante o inverno, como a colocação de feno na área de descanso e o monitoramento constante da água, essencial para a hidratação do animal.
O planejamento para os próximos meses inclui a chegada de uma fêmea da mesma linhagem genética, também proveniente do BioParque Amazônia, que ainda é jovem e será trazida quando atingir a idade adulta, prevista para o início do próximo ano. O objetivo é formar um casal para reprodução, contribuindo para a conservação da espécie com genética amazônica preservada.
Os filhotes resultantes do casal deverão ser integrados a projetos de reintrodução em áreas protegidas da Amazônia e da Mata Atlântica, visando o equilíbrio ambiental e a recuperação das populações selvagens. Estefane Siqueira ressaltou a importância ecológica da onça-pintada como predadora de topo da cadeia alimentar, destacando que sua ausência pode desorganizar a dinâmica das populações de presas e afetar o equilíbrio dos ecossistemas locais. A reintrodução de predadores como Caeté é fundamental para restaurar a saúde dos biomas onde vivem.