Os mandados incluem Ribeirão Preto e cidades da região

A Polícia Federal, em conjunto com o Ministério Público de São Paulo e outras instituições, deflagrou nesta quinta-feira (28 de agosto de 2025) a megaoperação batizada de Carbono Oculto, que unificou três investigações sobre fraude no setor de combustíveis. Mandatos e ações estão sendo cumpridos em Ribeirão Preto, além de outras cidades em oito estados: São Paulo, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina.

Segundo apuração das autoridades, o grupo investigado teria sonegado aproximadamente R$ 7,672,938,883.21 em tributos federais, estaduais e municipais. As irregularidades teriam ocorrido em diversas etapas da cadeia de produção, distribuição e venda, com impacto direto sobre consumidores e empresas do segmento.

Os auditores e promotores apontam que fundos de investimento e empresas de fachada foram usados para ocultar patrimônio e blindar os verdadeiros beneficiários por meio de camadas societárias. Mais de 350 alvos, entre pessoas físicas e jurídicas, são investigados por crimes que vão desde fraude fiscal e lavagem de dinheiro até adulteração de combustíveis, crimes ambientais e estelionato.

Entre os alvos identificados pelas apurações estão o Grupo Aster/Copape, apontado como detentor de usinas, formuladoras, distribuidoras e rede de postos; a fintech BK Bank, acusada de operar contas 'bolsão' para movimentação pouco rastreável; e o fundo Reag, mencionado como veículo de aquisição e proteção de bens.

As investigações revelam um esquema que teria incluído importações irregulares de metanol pelo Porto de Paranaguá (PR). Em vez de seguir para os destinatários constantes nas notas fiscais, a carga teria sido desviada, transportada sem a documentação adequada e empregada para adulterar combustíveis em distribuidoras e postos, prática que, além de gerar lucro ilícito, representa risco à segurança pública e ao meio ambiente.

Auditores relatam dois tipos de fraude: quantitativa, em que o consumidor recebe volume inferior ao indicado nas bombas, e qualitativa, em que o combustível não atende às especificações técnicas da ANP. Há ainda relatos de proprietários de postos que venderam seus estabelecimentos ao grupo e não receberam os valores combinados, além de ameaças contra quem tentou cobrar dívidas.

Do ponto de vista financeiro, parte das operações foi movimentada por meio de fintechs que mantinham contabilidade paralela, facilitando transferências entre empresas e pessoas sem identificação clara dos beneficiários finais. O Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos do Estado de São Paulo (CIRA/SP) informou que pedirá o bloqueio de bens para recuperar o montante estimado em R$ 7,672,938,883.21.

A operação de hoje é coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP‑SP, com participação do Ministério Público Federal, das polícias Federal, Civil e Militar de São Paulo, da Receita Federal, da Secretaria da Fazenda de SP, da ANP, da Procuradoria‑Geral do Estado e de promotorias de outros estados que prestam apoio às diligências.