Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto, em parceria com especialistas da Universidade de Brasília (UnB) e duas startups locais, descobriram um composto presente na própolis da abelha sem ferrão que elimina larvas do Aedes aegypti, transmissor da dengue.

O estudo, que contou com o apoio da Fapesp e de um projeto financiado pelo Ministério da Saúde, foi publicado recentemente na revista Rapid Communications in Mass Spectrometry. A investigação concentrou-se na geoprópolis produzida pela abelha mandaçaia, que combina resinas vegetais com partículas de terra ou argila, diferentemente da própolis tradicional.

Os testes demonstraram que o diterpeno encontrado nessa geoprópolis foi responsável pela morte de 90% das larvas em 24 horas e 100% em 48 horas, desempenho muito superior ao da própolis da abelha europeia, que apresentou baixa eficácia. A pesquisa também identificou que as mandaçaias coletam resinas de pinus, árvore cultivada no Brasil, cuja composição química, após processamento pela saliva das abelhas, confere a ação larvicida.

Embora o volume de geoprópolis produzido pelas mandaçaias seja insuficiente para uso direto como larvicida, a presença do diterpeno na resina do pinus abre possibilidade para seu aproveitamento industrial. Processos químicos podem replicar e até aprimorar a ação do composto em biorreatores, equipamentos comuns na indústria farmacêutica.

Além disso, o projeto do Ministério da Saúde, liderado pela professora Laila Salmen Espindola, revelou outro agente larvicida natural presente no óleo essencial de uma planta cultivada em larga escala. Os pesquisadores desenvolveram formas em pó e comprimido desse óleo que mantêm a água protegida contra larvas por até 24 dias, com o pó promovendo ação imediata e o comprimido liberando o princípio ativo de forma gradual.

Essas descobertas representam avanços significativos na busca por alternativas naturais e menos tóxicas para o controle do mosquito causador da dengue.