Pesquisadores de Ribeirão Preto desenvolvem bandeja biodegradável que se decompõe em até 30 dias

A bandeja para alimentos feita com amido de mandioca e farinhas de sementes que se decompõe em até 30 dias, enquanto o isopor usado hoje nas marmitas leva cerca de 500 anos para se degradar

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Nando Medeiros
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Pesquisadores de Ribeirão Preto desenvolvem bandeja biodegradável que se decompõe em até 30 dias

Pesquisadores do Laboratório de Biopolímeros Agroindustriais, em Ribeirão Preto, criaram uma bandeja para alimentos feita com amido de mandioca e farinhas de sementes que se decompõe em até 30 dias, enquanto o isopor usado hoje nas marmitas leva cerca de 500 anos para se degradar. O material levou quatro anos de pesquisa até a formulação atual e foi desenvolvido com ênfase na redução de custos: resíduos alimentares são incorporados à mistura para diminuir a quantidade de amido necessária.

O processo de fabricação passa pela homogeneização dos ingredientes em batedeira, prensagem hidráulica e um aquecimento rápido a 150 °C por aproximadamente cinco minutos, etapa que confere forma e resistência à peça. Segundo a equipe, a bandeja é indicada para alimentos frescos e suporta temperaturas de até 100 °C, o que limita seu uso com comidas muito quentes.

Entre os desafios ainda em estudo está a absorção de líquidos pelo material, que inviabiliza seu emprego em alguns tipos de preparo. A equipe busca soluções de impermeabilização para ampliar o leque de aplicações e viabilizar a produção em escala comercial.

Especialistas destacam também benefícios ambientais e potenciais ganhos nutricionais: compostos presentes na composição, como fenólicos e carotenoides provenientes de ingredientes naturais, podem transferir pequenas quantidades de micronutrientes aos alimentos. Do ponto de vista ambiental, a alternativa reduz a dependência de derivados de petróleo e a formação de micropartículas plásticas na natureza.

Projeções do grupo indicam que, com aperfeiçoamentos e aumento de escala, a nova embalagem pode se tornar competitiva em preço. Empresários locais veem a mudança como inevitável: um proprietário de restaurante em Ribeirão Preto afirmou que, apesar do custo atual ser mais alto, a tendência é que embalagens biodegradáveis se tornem mais acessíveis e predominantes no futuro.

Os pesquisadores seguem testando formulações e processos industriais para superar limitações técnicas e preparar a transição do protótipo para o mercado.