A Polícia Federal prendeu o ex-presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) Alessandro Stefanutto durante nova etapa da Operação Sem Desconto, deflagrada em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU). Agentes cumpriram mandados em diversas cidades, com movimentação registrada em Ribeirão Preto, conforme apurado pela reportagem.
A investigação aponta um esquema nacional de cobranças indevidas por meio de descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões. Segundo a PF, investigados teriam incluído dados falsos em sistemas oficiais para promover débitos irregulares, prejuízo que alcançaria milhares de beneficiários.
Além de Stefanutto, foram determinadas prisões e medidas cautelares contra outros envolvidos. Entre os citados pela PF estão José Carlos Oliveira, ex-ministro do Trabalho e Previdência e ex-presidente do INSS, que terá uso de tornozeleira eletrônica, e três dirigentes ligados à Confederação Nacional de Agricultores Familiares (Conafer): Cícero Marcelino, Tiago Abraão Ferreira Lopes e Samuel Chrisostomo do Bomfim Júnior. Também foi detido Vinícius Ramos da Cruz, presidente do Instituto Terra e Trabalho (ITT), e cumprido novo mandado contra o lobista Antônio Camilo, conhecido como “Careca do INSS”, que já estava preso desde setembro.
A fase desta operação inclui ainda mandados de busca e apreensão contra parlamentares. São alvos o deputado federal Euclydes Pettersen Neto (Republicanos-MG) e o deputado estadual do Maranhão Edson Cunha de Araújo. Euclydes divulgou nota negando vínculo com o INSS e afirmando disposição para colaborar com as investigações; Edson Cunha não havia se manifestado até o fechamento das informações.
Ao todo, a PF informou que estão sendo cumpridos 63 mandados de busca e apreensão, 10 prisões preventivas e outras medidas em 15 unidades da federação, entre elas São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Maranhão, Piauí e o Distrito Federal. Os investigados podem responder por organização criminosa, estelionato previdenciário, corrupção ativa e passiva, além de ocultação e dilapidação patrimonial.
A defesa de Stefanutto afirmou não ter tido acesso à decisão que decretou a prisão e classificou a detenção como “completamente ilegal”, alegando que ele tem colaborado com a investigação desde o início. A apuração segue em andamento, e as autoridades não detalharam o número exato de mandados cumpridos em cada cidade até o momento.