A Polícia Militar, acompanhada por um oficial de Justiça, cumpriu mandado de busca e apreensão em uma usina da região que é alvo de investigação por suposta ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e por participação em um esquema de adulteração e lavagem de recursos. A medida foi movida por uma empresa de locação de equipamentos que alegou à Justiça que os aluguéis não eram pagos desde maio deste ano.
Segundo documentos do processo, o contrato firmado em março de 2023 previa a locação de 34 máquinas por um custo mensal total de R$ 1.107.851,56, o que resultaria em R$ 8.862.810,84 por safra (pagamentos concentrados de maio a dezembro). A empresa locadora disse ter cobrado administrativamente antes de solicitar a apreensão judicial.
Entre os bens retirados constam seis colhedoras de cana, seis tratores agrícolas de 230 CV, seis tratores de 185 CV, 12 máquinas de transbordo, dois caminhões combeiro, um caminhão comboio e um caminhão-baú adaptado como oficina. Imagens obtidas pela reportagem mostram parte do equipamento sendo recolhido durante a operação.
A ação judicial também lista como justificativas, além da inadimplência, suspeitas sobre o vínculo societário dos proprietários da usina, identificados nos autos como Mohamed Hussein Mourad e Roberto Augusto Leme da Silva, com integrantes do PCC. Mourad, apontado pelo Ministério Público como dono de outras unidades produtoras no Estado, aparece nas investigações como foragido.
As apurações ministeriais ainda detalham um esquema que ia do campo até postos de combustíveis: caminhões buscavam metanol no Porto de Paranaguá para alimentar um processo de “batização” do combustível em uma instalação com sede em Jardinópolis, onde, segundo as investigações, o produto chegava a ser adulterado em proporções muito superiores ao limite legal. Mensagens apreendidas citam nomes de envolvidos no direcionamento da adulteração; um dos investigados foi preso na Operação Carbono Oculto há cerca de dois meses.
A investigação também aponta a participação de uma consultoria financeira com sede em Ribeirão Preto, identificada nos autos como BK, na abertura de contas e subcontas usadas para movimentar e aplicar recursos, com suspeita de lavagem de valores que, segundo as autoridades, poderiam superar R$ 40 bilhões no período de quatro anos.