Professores de arte da rede municipal de Ribeirão Preto divulgaram uma carta aberta nesta semana em que manifestaram inconformismo com a reorganização curricular publicada no Diário Oficial em 27 de agosto de 2025. No documento, os docentes afirmam que a decisão, que diminuiu de três para duas aulas semanais de Arte nos anos iniciais (1º ao 5º ano), foi tomada sem diálogo com a categoria, supervisores da Secretaria de Educação ou com a comunidade escolar.

No manifesto, os professores alertam para possíveis prejuízos pedagógicos decorrentes da redução da carga horária. Entre os impactos apontados estão maior remanejamento de docentes entre unidades, dificuldade na construção de horários e limitação do trabalho com as quatro linguagens da disciplina (artes visuais, música, teatro e dança), o que, segundo eles, empobreceria a formação integral dos alunos.

Os educadores também contestaram a criação de oficinas de Matemática e Língua Portuguesa previstas na reorganização, afirmando que essas atividades replicam conteúdos já abordados nas aulas regulares e não compensam a perda de tempo para Arte e Inglês. Eles destacaram que, enquanto Língua Portuguesa ganhou uma aula extra e Matemática recuperou disciplina por meio de oficina, Arte e Inglês foram as que mais perderam atenção na nova grade.

A Prefeitura de Ribeirão Preto, por sua vez, informou que a readequação seguiu normativas legais e pedagógicas, como a LDB, a BNCC e o Currículo Paulista, e tem como objetivo reforçar a aprendizagem, em linha com recomendações do Tribunal de Contas do Estado e do Ministério Público. A administração ressaltou que a mudança foi uma recomendação curricular e garantiu que a carga horária de Arte permanecerá inalterada nos anos finais (6º ao 9º ano) e será ampliada por meio da “Oficina Integradora de Cidadania e Inovação”.

Em nota, a Secretaria afirmou ainda que nenhum professor efetivo terá prejuízo em sua jornada: todos os cargos titulares de Arte e Inglês teriam aulas disponíveis para atribuição. A pasta acrescentou que o Projeto de Recuperação de Aprendizagens (PRA) será oferecido preferencialmente dentro da jornada regular para alcançar alunos mais vulneráveis.

Com o impasse, representantes dos professores pedem revisão do processo e maior participação da comunidade escolar em mudanças que alteram a rotina de ensino. A Secretaria não informou prazo para diálogo com a categoria.