Um jogo ambientado em uma Ribeirão Preto reimaginada dos anos 1950 será apresentado ao público durante a 24ª Feira Internacional do Livro (FIL).
Ribeirão Noir, O Roubo da Estátua de São Sebastião, produção financiada pela Lei Paulo Gustavo, estará disponível gratuitamente para Android via Google Play e terá sua estreia oficial em atividades programadas para sábado, 16 de agosto.
A programação começa às 10h no Palacete Camilo de Matos, com o painel “História em Jogo: Patrimônio Cultural, Populações Negras e Educação para o Futuro”.
O encontro, com cerca de 1h30 de duração e tradução em Libras, terá mediação do historiador Marcelo de Souza Silva e participações de especialistas que irão discutir o uso de jogos digitais na valorização da memória local e na educação. A abertura será feita por José Antonio Corrêa Lages, seguida de contribuição de Sérgio Luiz de Souza sobre a importância de recuperar narrativas das populações negras.
Após o debate o público poderá fazer uma visita guiada de cerca de 30 minutos pelo próprio Palacete, um dos cenários do jogo.
À tarde, das 14h às 16h, os desenvolvedores da Palimpsesto Produções promoverão demonstrações abertas ao público no estande da Secretaria Municipal da Cultura e Turismo na feira. Os visitantes poderão experimentar o game, conversar com a equipe e conhecer o processo criativo por trás da obra.
Ribeirão Noir combina investigação e elementos de RPG em uma narrativa no estilo noir. O jogador assume Dandara, uma mulher negra que enfrenta violências estruturais da época, como machismo e racismo, enquanto investiga o desaparecimento da estátua de São Sebastião. A aventura percorre pontos históricos da cidade, como o Theatro Pedro II e o Mercado Municipal, com cenas ilustradas a partir de pesquisa de acervo e fotos antigas.
O projeto surgiu da Curupira Educação Cultura Jogos, por iniciativa dos professores Wanderley Barissa e Gustavo Bueno, e foi adaptado ao formato digital pela Palimpsesto. De acordo com a equipe, o jogo foi desenvolvido na engine open source Godot e adota narrativa não linear inspirada em livros-jogos; decisões dos jogadores influenciam o rumo da história e há mecânicas de risco que utilizam rolagens de dados e pontos de vida.
Além do aspecto lúdico, os idealizadores destacam a intenção de transformar o jogo em ferramenta educativa e de provocar reflexões sobre desigualdades que atravessam passado e presente. A demonstração na FIL é vista pela equipe como oportunidade de apresentar essa proposta a um público diversificado e dialogar sobre memória e patrimônio.