Levantamento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) mostra que, em média, a cada 10 minutos um adolescente de 10 a 19 anos é atendido por autoagressão no país. O estudo, baseado em notificações registradas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), aponta uma média diária de 137 atendimentos na faixa etária nos anos de 2023 e 2024, incluindo tentativas de suicídio e outras formas de violência autoprovocada.
A SBP ressalta que os números podem subestimar a realidade por conta de subnotificação, falhas no preenchimento de formulários e omissão de casos atendidos na rede privada ou em escolas. Os registros no Sinan são de preenchimento obrigatório para os profissionais de saúde, mas, segundo a entidade, lacunas na notificação tornam os dados possivelmente inferiores ao total real.
Entre os pontos mais graves do levantamento estão 3,8 mil internações de adolescentes por violência autoprovocada nos dois anos analisados, o que corresponde a uma média de cinco hospitalizações por dia. A maior parte das internações ocorreu entre jovens de 15 a 19 anos. Além disso, o estudo estima que cerca de 1 mil adolescentes entre 10 e 19 anos morrem por suicídio anualmente, 1,1 mil em 2023 e 1,2 mil em 2022, com maior incidência na faixa de 15 a 19 anos.
Regionalmente, o Sudeste concentrou quase metade das notificações (46.918), com São Paulo respondendo por 24.937 registros. O Nordeste contabilizou 19.022 ocorrências, com destaque para Ceará e Pernambuco; o Sul soma 19.653, liderado pelo Paraná; o Centro-Oeste registrou 9.782 notificações, com números relevantes em Goiás e Distrito Federal; e o Norte somou 5.303 registros, principalmente no Pará e Tocantins.
A SBP enfatiza a importância da escuta e do acolhimento por parte de familiares, educadores e profissionais de saúde. Entre sinais de alerta estão tristeza persistente, abandono de atividades antes prazerosas, episódios de autolesão, envolvimento em situações de risco e falta de perspectivas para o futuro. A entidade também aponta fatores que agravam a situação, como aumento de ansiedade e depressão, acesso facilitado a meios letais, estigma sobre saúde mental e impacto das redes digitais.
A recomendação é procurar apoio imediato em serviços de saúde — Unidades Básicas, Caps, UPAs, pronto-socorro e hospitais, e na rede de apoio pessoal.
Para atendimento confidencial e gratuito, o Centro de Valorização da Vida (CVV) mantém plantão 24 horas pelo número 188, com suporte por telefone, chat, e-mail e outras plataformas.