A decisão norte-americana de suspender a tarifa de 40% aplicada ao café brasileiro deu alívio ao setor em Franca. Produtores e cooperativas da região informaram que poderão reiniciar vendas aos Estados Unidos sem a sobretaxa após mais de três meses de restrições que reduziram fortemente os embarques.
Segundo Saulo de Carvalho Faleiros, vice-presidente da Cocapec, a medida foi fundamental para evitar perdas no fechamento das exportações do ano e trouxe otimismo para a próxima safra. Ele destacou a importância do mercado americano, que, conforme dados do Cecafé, responde por entre US$ 2 bilhões e US$ 2,5 bilhões das vendas externas de café do Brasil.
Durante o período em que vigorou a tarifa elevada, o volume exportado chegou a cair cerca de 50%, com projeções mais pessimistas apontando para retração de até 80% em alguns segmentos. Em uma fazenda de café orgânico de Franca, a expectativa inicial era exportar cerca de 3,5 mil sacas para os EUA, mas a sobretaxa obrigou o produtor a redirecionar parte da produção para o mercado doméstico e para destinos como Austrália e Japão.
Produtores locais já trabalham para retomar contratos suspensos com compradores norte-americanos. Para o cafeicultor Anderson Minamihara, relações comerciais de longa data tendem a facilitar a recomposição das vendas, embora alguns acordos possam exigir renegociação.
Analistas alertam, porém, que efeitos no mercado interno ainda podem ser sentidos. Com a oscilação da oferta global, agravada nos últimos anos por quebras de safra, geadas e secas em grandes produtores, há risco de alta no preço do café nas prateleiras brasileiras nos próximos meses.