Tarifa dos EUA reduz vendas e provoca demissões nas fábricas de calçados de Franca

Agentes do setor alertam que a qualificação desses trabalhadores é demorada e de difícil reposição

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Nando Medeiros
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Tarifa dos EUA reduz vendas e provoca demissões nas fábricas de calçados de Franca

Relatórios oficiais mostram que, entre junho e agosto de 2025, as exportações de calçados de Franca para os Estados Unidos somaram US$ 5,7 milhões, ligeiramente abaixo dos US$ 5,9 milhões registrados no mesmo intervalo de 2024.

Apesar da retração no trimestre, o acumulado de janeiro a agosto apresentou alta de 14,2% sobre o ano anterior, subindo de US$ 14,2 milhões para US$ 16,2 milhões. O mercado norte-americano segue como principal destino internacional da produção francana, mas o aumento das tarifas de importação aplicadas pelos EUA, o chamado “tarifaço”, já tem reflexos concretos na cadeia local.

Em pelo menos uma indústria da cidade, a produção foi reduzida: de quatro linhas de moldagem em operação, apenas uma permanece ativa. O diretor industrial informou que 22 empregados foram demitidos e cerca de 60% do quadro está em férias coletivas. Na expedição dessa mesma empresa, aproximadamente 18 mil pares seguem parados em estoque.

O repasse das tarifas ao consumidor também encareceu os produtos: um par que custava em média US$ 32,50 no mercado americano passou a ser vendido por cerca de US$ 47,55, segundo levantamento do setor, o que dificulta a retomada de demanda. Fábricas que haviam investido em mão de obra especializada para atender exigências dos compradores dos EUA agora enfrentam risco de perder esses profissionais.

Agentes do setor alertam que a qualificação desses trabalhadores é demorada e de difícil reposição. Em resposta, o governo federal anunciou medidas de apoio ao segmento, como linhas de crédito especiais, ampliação de prazos para pagamento de tributos e possíveis restituições para empresas atingidas.

Economistas e consultores do setor têm recomendado medidas internas das empresas, como redução de custos, busca por novos mercados e realocação de parte da produção para o mercado interno, para mitigar o impacto. Em 2024, Franca exportou US$ 22 milhões em calçados para os Estados Unidos.

Nos primeiros sete meses de 2025, 19% da produção local teve como destino o mercado americano, demonstrando a dependência do setor em relação ao país e a vulnerabilidade frente a mudanças tarifárias internacionais.