O coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), professor Edson Salerno, defendeu a necessidade de formar profissionais capazes de integrar desenvolvimento urbano, qualidade de vida e preservação ambiental. Segundo Salerno, esse “tripé” da sustentabilidade só é alcançado quando o planejamento considera toda a cidade e as desigualdades sociais que agravam os efeitos das mudanças climáticas.
Para o coordenador, problemas como enchentes, ilhas de calor e falta de água atingem primeiro as populações mais vulneráveis, por isso as soluções devem articular uso do solo, drenagem urbana sustentável, arborização e infraestrutura verde que atendam a todos. “A arquitetura e o urbanismo precisam ser parte da solução, não do problema”, afirmou, ao apresentar a proposta curricular do curso em vídeo institucional da universidade.
Na esfera das edificações, Salerno destacou a importância de projetos que favoreçam ventilação natural, uso de materiais que reduzam a temperatura interna e tecnologias para retenção de água de chuva, medidas que ajudam a mitigar impactos previstos com o avanço das mudanças climáticas. No planejamento urbano, ele defendeu a criação de corredores verdes, praças e parques lineares que atuem como “áreas de respiro” e possam funcionar também em situações de emergência.
A mobilidade ganhou atenção especial: para reduzir carros nas ruas e melhorar a qualidade de vida, o professor apontou a necessidade de fortalecer o transporte coletivo e fomentar a mobilidade ativa, caminhar e pedalar, por meio de calçadas e ciclovias seguras e integradas ao sistema de ônibus e demais modais. Ele citou Curitiba como referência nacional e exemplos internacionais, como Copenhague e Singapura, onde densidade, tecnologia e bem‑estar urbano convivem.
Salerno ressaltou que todas as medidas só funcionam se economicamente viáveis e aceitas pela sociedade. Por isso, defendeu a participação direta da comunidade no processo de planejamento: moradores conhecem problemas cotidianos, falta de sombra, áreas alagáveis, rotas de deslocamento, e sua inclusão torna as políticas mais eficientes e justas.
A apresentação do coordenador também incluiu projetos do curso e recebeu a visita de professores estrangeiros, que conheceram iniciativas acadêmicas desenvolvidas pela Unaerp. Alunos e docentes afirmam que a formação busca conciliar responsabilidade social, ética e sustentabilidade para preparar profissionais aptos a intervir nas cidades da região.