A Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto abriu um laboratório dedicado a investigar, de forma científica, como estímulos ambientais. como luzes, sons, aromas e texturas, afetam o corpo e a mente de pessoas idosas. Batizado Labem (Laboratório de Pesquisa e Inovação em Estimulação Multissensorial), o espaço adapta ao contexto acadêmico a abordagem holandesa Snoezelen, empregada internacionalmente como recurso terapêutico.

As sessões, com cerca de 30 minutos cada, ocorreram em duas salas com propostas distintas: uma voltada ao relaxamento, com iluminação suave, trilhas sonoras calmas e aromas discretos; e outra de ativação, com luzes mais intensas, sons marcantes e odores mais presentes para estimular movimento e interação. Durante as atividades, pesquisadores monitoraram pressão arterial e frequência cardíaca em tempo real, usando, entre outros recursos, relógios inteligentes, e registraram observações sobre atenção, comportamento e sinais de bem‑estar.

Segundo a coordenadora do projeto, professora Carla da Silva Santana Castro, o objetivo é mapear como combinações específicas de estímulos influenciam respostas físicas e emocionais. “O mesmo estímulo pode relaxar uma pessoa e ativar outra. Precisamos entender essas diferenças para propor alternativas não farmacológicas baseadas em evidências”, afirmou.

Os primeiros participantes foram idosos da região, incluindo pessoas com e sem Alzheimer. Relatos coletados pela equipe apontaram efeitos positivos imediatos em alguns casos: havia idosos mais agitados que saíram das sessões mais calmos e outros mais introspectivos que passaram a interagir mais. Aluna do curso de Terapia Ocupacional envolvida na pesquisa descreveu mudanças de humor e comportamento que dificilmente ocorreriam em contextos rotineiros.

Participantes como a aposentada Elizabeth Garofallo Isaías relataram redução da pressão arterial após algumas sessões, enquanto seu marido destacou a sensação de tranquilidade obtida durante as atividades. Esses depoimentos reforçaram o interesse da equipe em avançar com medição e análise sistemática para confirmar efeitos clínicos.

A equipe pretende, a médio prazo, ampliar o público atendido, incluindo pessoas com depressão, transtornos de ansiedade e do espectro autista, além de transformar o Labem em um espaço de formação para estudantes e, futuramente, de extensão para a comunidade. O objetivo é consolidar protocolos rigorosos que possam embasar novas práticas de cuidado em saúde sem depender exclusivamente de medicação.