USP desenvolve fórmula líquida inovadora para tratar artrose em cães idosos

Pesquisadoras da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP criaram uma nova formulação líquida anti-inflamatória destinada ao tratamento da osteoartrite em cães idosos, uma doença que compromete a mobilidade e o bem-estar dos animais

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Nando Medeiros
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USP desenvolve fórmula líquida inovadora para tratar artrose em cães idosos

Pesquisadoras da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP criaram uma nova formulação líquida anti-inflamatória destinada ao tratamento da osteoartrite em cães idosos, uma doença que compromete a mobilidade e o bem-estar dos animais.

A inovação utiliza nanocristais do princípio ativo firocoxibe, já presente em medicamentos veterinários, e apresentou resultados promissores em testes com cães da raça beagle, dobrando a concentração do fármaco no sangue em comparação às versões tradicionais em comprimidos.

A nova apresentação líquida facilita a administração do medicamento e melhora sua absorção, já que os comprimidos mastigáveis disponíveis atualmente têm baixa solubilidade, o que limita a biodisponibilidade do princípio ativo. A técnica de nanotecnologia aplicada reduz o tamanho das partículas do firocoxibe para cerca de 200 nanômetros, o que potencializa o efeito terapêutico com doses menores e início de ação mais rápido.

De acordo com a orientadora da pesquisa, professora Nádia Araci Bou-Chacra, a formulação pode permitir intervalos maiores entre as doses, tornando o tratamento mais prático para tutores e veterinários. Essa inovação é particularmente relevante diante do aumento da expectativa de vida dos animais de estimação e da crescente demanda por medicamentos voltados a doenças relacionadas ao envelhecimento.

O desenvolvimento da fórmula líquida surgiu da necessidade do mercado veterinário por alternativas mais versáteis ao firocoxibe em comprimidos. O processo de fabricação envolve moagem de alta energia para fragmentar as partículas, criando uma suspensão estável que pode ser utilizada em diferentes formas farmacêuticas, como líquidos, cápsulas e géis.

Testes iniciais de toxicidade realizados em larvas de mariposa indicaram segurança mesmo em doses elevadas. Posteriormente, ensaios com cães demonstraram que a concentração do fármaco nanoestruturado no sangue atingiu níveis superiores ao medicamento convencional em menos tempo, sinalizando maior eficácia e potencial para aliviar a dor mais rapidamente.

Embora um pedido de patente já tenha sido registrado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), o desenvolvimento para produção em escala comercial ainda enfrenta desafios. A equipe da USP trabalha para garantir a qualidade e padronização necessárias, seguindo normas internacionais de boas práticas de fabricação. Uma indústria veterinária já manifestou interesse em dar continuidade ao projeto, visando oferecer uma solução eficaz para cães idosos com osteoartrite.