Ribeirão Preto enfrenta aumento nos casos de violência e abandono contra idosos, segundo dados oficiais da Prefeitura.

Entre 2014 e maio de 2025, foram registrados 690 casos, com maior incidência entre pessoas de 60 a 69 anos. As agressões incluem violência física, psicológica, financeira, além de negligência e abandono, sendo que mais de 55% dos casos envolvem violência psicológica ou abandono. A região oeste concentra o maior número de ocorrências, seguida pelas regiões leste, central, norte e sul.

A cidade conta atualmente com cinco instituições filantrópicas de longa permanência para idosos, totalizando 193 vagas, todas ocupadas. A fila de espera soma 96 pessoas, com a maioria em grau de dependência elevado. Editais para a criação de duas novas casas, com 25 vagas cada, estão em andamento, mas entidades já conveniadas solicitam apoio para reformas que possibilitem ampliação da capacidade.

A Coordenadoria de Saúde da Pessoa Idosa, vinculada à Secretaria Municipal de Saúde, atua em conjunto com a Secretaria de Assistência Social, polícias, agentes comunitários e outras instituições para receber denúncias e oferecer suporte. Denúncias podem ser feitas pelo Disque 100, pelo número 161 da Semas, ou na Coordenadoria do Idoso, com garantia de sigilo e resposta imediata.

Além das casas de longa permanência, o município oferece o Centro Dia de Referência para o Idoso, que atende aqueles em situação de vulnerabilidade e cujos familiares necessitam de apoio durante o dia. A procura é alta, e um novo centro com 20 vagas está em planejamento.

Casos de irregularidades em casas de repouso particulares também foram identificados, levando à determinação judicial para fechamento de três estabelecimentos que colocavam em risco a vida de 70 idosos. A ação foi motivada por inspeções do Ministério Público e da Vigilância Sanitária.

Especialistas destacam que o envelhecimento da população, aliado à insuficiência de vagas e à falta de suporte familiar, agrava a situação. A vice-presidente do Conselho Municipal do Idoso ressalta que muitos idosos que necessitam de atendimento ainda não são contabilizados devido à burocracia e à falta de informações.

O Estatuto do Idoso, vigente desde 2003, garante direitos e protege contra abusos, estabelecendo penas para abandono, violência e apropriação indevida de bens. Apesar disso, os números de denúncias e violações de direitos continuam em alta, evidenciando a necessidade de fortalecimento das políticas públicas e maior conscientização da sociedade.

A prefeitura afirma estar comprometida em ampliar a rede de acolhimento e assistência, buscando garantir dignidade e cuidado integral aos idosos, enquanto organizações sociais e profissionais da saúde reforçam ações de prevenção e apoio para reduzir os casos de violência e abandono na cidade.