A Polícia Federal concluiu, em relatório obtido pelos investigadores, que o ex‑presidente Jair Bolsonaro e o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro agiram para atrapalhar a apuração sobre a tentativa de golpe que envolve o ex‑chefe do Executivo. Segundo a PF, há indícios de que as condutas dos dois configuram tentativa de subverter o Estado democrático ao tentar pressionar e intimidar instituições como o Supremo Tribunal Federal e o Congresso.

Os agentes analisaram dados extraídos do celular apreendido com Jair Bolsonaro e recuperaram áudios e conversas apagadas, que, na avaliação da PF, reforçam a existência de articulações para coagir autoridades e embaraçar as investigações. O relatório afirma ainda que o ex‑presidente produzia e disseminava mensagens nas redes sociais em desobediência a medidas cautelares impostas pela Justiça.

A investigação identificou mensagens trocadas em 25 de julho de 2025 nas quais o pastor Silas Malafaia pede a Bolsonaro a divulgação imediata de vídeos; a comunicação foi registrada pouco depois da ativação de um novo aparelho. Em diligência realizada na quarta‑feira, 20 de agosto de 2025, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão contra Malafaia — que retornou ao Brasil vindo de Lisboa e prestou depoimento no aeroporto do Galeão — e apreendeu seu celular, entre outros materiais. O pastor, porém, não foi indiciado pela polícia até o momento.

O documento também descreve atuação do deputado Eduardo Bolsonaro a partir dos Estados Unidos, onde ele está licenciado do mandato. Segundo a PF, o parlamentar passou a publicar conteúdos em inglês com o objetivo de alcançar audiências externas e de pressionar autoridades brasileiras no âmbito do inquérito — movimento que, de acordo com o relatório, visou interferir no andamento da AP 2668/DF. Há ainda menção a contatos em que aliados discutiram eventual pedido de asilo político ao governo argentino de Javier Milei.

A investigação foi aberta em maio a pedido da Procuradoria‑Geral da República. Em julho, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, prorrogou o prazo para novas diligências. Bolsonaro cumpre prisão domiciliar por ordem de Moraes em razão de apurações sobre tentativas de coação no processo; o julgamento em que ele já figura como réu pelo episódio da tentativa de golpe está marcado para começar em 2 de setembro de 2025.

A PF segue colhendo elementos e promete novas ações conforme as investigações avançarem.