Sete aeronaves ATR da Voepass permanecem estacionadas no pátio do aeroporto Leite Lopes, em Ribeirão Preto, vigiadas 24 horas por dia e submetidas a manutenção preventiva enquanto se define o destino dos turboélices.
Os aviões estão retidos desde que a companhia teve o certificado de operador aéreo cassado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em 24 de junho de 2025, depois de ter suas operações suspensas em 11 de março de 2025.
A Voepass, com sede na região, operava um ATR 72-500 que caiu em 9 de agosto de 2024 em Vinhedo, em um acidente que resultou na morte de 62 pessoas — o desastre mais letal no país desde 2007. Na ocasião, a aeronave havia decolado às 11h58 de Cascavel (PR) com destino a Guarulhos, transportando 58 passageiros e quatro tripulantes; não houve sobreviventes.
Segundo funcionários de outras empresas aéreas e ex-empregados ouvidos, os trabalhos de conservação nos turboélices no Leite Lopes vêm sendo coordenados por gestores ligados aos contratos de leasing das aeronaves. Eles afirmam que pelo menos dez mecânicos foram contratados pelos arrendadores para realizar inspeções e serviços básicos, enquanto vigilantes mantêm a guarda para evitar furtos de peças, especialmente durante a madrugada.
A concessionária Rede Voa, responsável pela administração do aeroporto, elaborou um plano para preservar as aeronaves estacionadas. Entre as medidas adotadas estão a limitação de acessos, a colocação de lastro no interior para impedir decolagens não autorizadas e a realização de manutenções preventivas semelhantes às feitas durante a pandemia, quando aeronaves ficaram paradas por longos períodos.
Fontes ouvidas pela reportagem relatam que ao menos duas aeronaves já deixaram o pátio e há expectativa de que outras sejam transferidas ou retornem aos locadores. Há também quem avalie que alguns turboélices podem não ser recuperados e acabar sendo desmontados para sucata, dependendo do custo de reparos e da situação contratual.
No terminal, a presença da Voepass ficou reduzida a pequenos vestígios: letreiros removidos e o espaço de check-in desocupado entre as áreas de Latam e Gol. Ex-funcionários e agentes do aeroporto avaliam que a saída da empresa traz prejuízos à economia local, com redução de voos, queda na arrecadação e perda de renda para serviços ligados ao transporte aéreo.
A redação procurou a Voepass para esclarecer quem tem arcado com os custos de manutenção e vigilância das aeronaves, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria.